Conforme a Resolução n° 1605/2000, do Conselho Federal de Medicina, as informações do paciente obtidas pela clínica médica devem ser mantidas em sigilo. Isso porque, de acordo com a Constituição Federal, os indivíduos gozam do direito à intimidade e à privacidade nas relações. Portanto, é dever dos consultórios garantir a segurança dos dados dos pacientes e zelar por esses princípios.

Aliás, as transformações digitais na área da saúde têm simplificado essa tarefa. Os sistemas de gestão, por exemplo, facilitam o controle e a proteção aos dados. Além disso, permitem a criação de grupos de usuários de maneira que cada profissional ou paciente tenha acesso limitado às informações que lhes dizem respeito.

Pensando na importância do tema, elencamos algumas dicas de segurança digital para você implementar em sua empresa. Confira!

Faça backup em nuvem

O armazenamento em nuvem é uma forma eficiente de manter a segurança dos dados dos pacientes. Nesse sistema, as informações são distribuídas em diversos servidores, de modo que os arquivos ficam armazenados em vários bancos de dados.

Dessa forma, mesmo que ocorram eventos naturais/acidentais (inundações, tempestades, incêndios etc.) e quedas de energia, os dados permanecerão a salvo remotamente. Para recuperá-los, basta acionar essas unidades e restaurar os backups.

Entretanto, é importante verificar se o software escolhido segue os padrões de política de segurança do mercado. Isso porque as informações devem estar disponíveis para recuperação a qualquer momento, mesmo que haja problema em um dos servidores da empresa que mantém o sistema na nuvem.

Também é necessário se certificar de que o backup em nuvem seja feito diariamente, para que todos os dados produzidos fiquem a salvo.

Utilize softwares seguros

A utilização de softwares de gestão na clínica pode trazer inúmeras vantagens, uma vez que eles armazenam e centralizam informações dos pacientes, possibilitando um monitoramento mais eficiente.

Resultados antigos de exames, consultas realizadas na clínica, diagnósticos e outros dados administrativos do consultório serão facilmente encontrados nesses sistemas. Sem eles, é mais fácil perder cadastros, arquivos e registros feitos em planilhas, cadernos e outros suportes menos eficientes.

Além da facilidade no manuseio, os softwares possibilitam que as informações sejam organizadas com maior precisão.

Essa qualidade ajuda a otimizar as atividades da clínica, uma vez que pouco tempo será utilizado para registro de informações ou busca por documentos.

Isso sem contar os diversos pontos de acesso ao sistema, que deve estar disponível a todos os colaboradores mediante uma conexão com a internet e uma autenticação por login e senha.

Estabeleça limites de acesso

É evidente que o acesso irrestrito de dados a todos os funcionários da clínica seria contraditório à ideia de segurança e sigilo médico. A cada colaborador é atribuída uma competência exclusiva. Logo, todo funcionário deve ter um limite de acesso às informações da clínica, podendo manusear e consultar somente os que são necessários para ele exercer suas atividades.

Por exemplo, um recepcionista não precisa ter acesso ao prontuário médico detalhado de um paciente, pois isso só deve ser liberado para os médicos e profissionais de saúde que o atenderão.

Portanto, é necessário restringir os acessos e distribuir senhas individuais para que as consultas a arquivos do servidor sejam segmentadas e restritas conforme o cargo, competência e responsabilidade de cada colaborador.

Essa é uma das maneiras de evitar o uso indevido de dados e vazamento de informações sigilosas.

Crie uma cultura de sigilo

Para que a segurança dos dados seja efetiva, é fundamental buscar conscientizar os colaboradores da clínica sobre o tema, além de desenvolver uma cultura de sigilo.

Para tanto, é possível adotar algumas medidas, como obter a assinatura do funcionário em um documento em que se encontrem normas preestabelecidas de confidencialidade — é recomendado que isso seja feito no momento da admissão. Essa declaração de compromisso deixa claro que o descumprimento das regras pode acarretar sanções.

Outra recomendação é impossibilitar ao usuário a cópia de arquivos do computador, assim como limitar a utilização de aparelhos celulares durante o expediente — especialmente quando manusear dados sigilosos. Nesse contexto, em caso de necessidade de impressão em papel ou cópias, deverá ser feita uma solicitação prévia aos gestores da clínica.

Disponibilize prontuários eletrônicos

O avanço das tecnologias na área da saúde ofereceu vantagem em relação ao papel, tanto pela economia de espaço físico quanto pela organização dos arquivos.

Nesse caso, é importante investir em prontuários médicos eletrônicos, pois são a melhor forma de garantir a autenticidade, a confidencialidade e a integridade das informações.

Isso porque, por meio de credenciais, só médicos e profissionais de saúde poderão acessá-los, além de ser possível realizar o backup dos dados.

Um prontuário eletrônico também possibilita desenvolver um acompanhamento mais efetivo do quadro de saúde do paciente. A partir do acesso ao histórico, os profissionais que o atendem podem avaliar melhor os procedimentos a serem realizados.

Hoje, sabe-se como é importante o histórico médico para um acompanhamento completo e eficiente que leve o paciente à cura.

Ofereça treinamento aos colaboradores

Palestras e cursos podem contribuir para a proteção dos dados, especialmente ao promoverem uma consciência coletiva ética a respeito da importância de manter as informações clínicas em sigilo.

Os treinamentos de equipe sobre tecnologia na saúde também auxiliam os funcionários a manusearem os sistemas e a terem noções técnicas de como procede a segurança dos dados.

É importante, nesse processo, engajar os colaboradores e orientá-los sobre cuidados que devem tomar frente aos riscos de ameaças virtuais.

Da mesma forma, os cursos devem abordar os prejuízos que o não cumprimento dos protocolos pode acarretar para os envolvidos. Pois, todos podem sair perdendo.

Por exemplo, o médico por romper com a ética profissional que prometeu honrar, caso vaze dados dos pacientes. A clínica também tem chances de assumir o ônus de responder por danos causados aos pacientes pelos vazamentos. Além disso, o cliente é prejudicado, sendo lesado moralmente em sua intimidade e privacidade.

O profissional da saúde deve sempre buscar a sensibilidade ao lidar com o paciente. Esse, quando opta por uma clínica, confia que ela tenha competência suficiente para oferecer um retorno satisfatório e que respeite seus direitos.

Para tanto, a clínica deve estar atenta à segurança dos dados dos pacientes para cumprir as exigências do Conselho Federal de Medicina e, principalmente, para zelar pela integridade moral do cliente. Sendo assim, implementações simples, como as apontadas acima, podem contribuir para o sigilo das informações e para a manutenção da ética médica.

E, então? Gostou do nosso artigo? Que tal completar sua leitura descobrindo os segredos da qualidade no atendimento em clínicas?